Diogo da Cruz
open call / Looking up from Underneath
Diogo da Cruz é um artista que vive e trabalha em Lisboa e Munique. A sua prática baseia-se na utilização de tecnologias para imitar, rearticular ou reimaginar estruturas e sistemas incontestados na sociedade ocidental. Trabalha em projetos a longo prazo impulsionados por cenários parcialmente fictícios. Estes cenários fictícios são frequentemente produzidos a partir de descobertas científicas e documentos históricos referentes a circunstâncias sócio-políticas passadas, presentes ou futuras, que se materializam em instalações, esculturas e trabalhos de vídeo.
Recebeu a Licenciatura em Escultura da FBAUL (2013) e o Diploma em Escultura da ADBK München (2016). Participou no ISP da Maumaus – Escola de Artes Visuais em Lisboa (2016).
O seu trabalho foi exposto em numerosas exposições na Europa, Rússia e Uruguai, incluindo as exposições individuais: “A shot in the dark nights of absence” TUM Physics Department Munique 2023, “our water will meet” Walk&Talk Açores 2022, “looking up from underneath” Forum Arte Braga 2021 e exposições colectivas em instituições tais como: S1 ARTSPACE Reino Unido 2023, arthereistanbul na Turquia 2021, Museu de Serralves no Porto 2019 e Espacio de Arte Contemporáne em Montevideo-Uruguai 2019. Da Cruz é professor assistente na Academia de Belas Artes de Munique desde 2018.
(Esta residência realizou-se em parceria com a Revista Umbigo e finalizou com uma mostra no Forum Arte Braga)
Tal como os seres humanos, que procuram respostas para as questões não resolvidas das suas vidas dentro de si mesmos, onde apenas a água pode retê-las, as profundezas do oceano retêm todas as pendências, tudo quanto permanece por resolver e diz respeito às atrocidades do passado colonial da nossa civilização. Literal e metaforicamente, aprofundar, ou mergulhar fundo é uma ação especulativa. Através da sua pesquisa e prática artística, da Cruz mostra-nos como a profundidade e a água estão intrinsecamente associadas — biológica, histórica e economicamente — dentro do nosso corpo, no oceano que separa e liga as nossas diferentes geografias, e também nos jogos financeiros e capitalistas representados pela exploração mineira nas profundezas abissais.
Diogo da Cruz investiga esta memória descentralizada, que se encontra no fundo das águas que constituem os oceanos e os nossos corpos humanos, invertendo a nossa perspetiva vertical — de cima para baixo. À deriva, ele explora novas formas de pensar sobre a vida quebrando fronteiras físicas, cronológicas e geográficas. Ao ousar imaginar novas ligações entre água e profundidade, ele reflete e sugere novos modos de cuidar da água nos nossos corpos e oceanos, retratando-a como um vasto dispositivo mnemónico capaz de recordar quem fomos, quem somos e quem seremos, seja como indivíduos ou como comunidade.
Irene Campolmi
parceria com Revista Umbigo
recursos: ferro, corte plasma, soldadura
formato: open call
fotografia & video: Bruno Lança
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