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Edgar Pires

Portugal

ferro, máquinas de soldar

Edgar Pires

casa aberta / Claim the diamonds in your eyes

Edgar Pires nasceu em Oeiras, em 1982, e formou-se em Escultura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, em 2007. A sua prática artística evoca a experiência estimulada pela observação atenta da vida quotidiana e insere-se na investigação e experimentação dos materiais no território multidisciplinar da escultura/instalação.
Destaca-se no seu percurso, as exposições individuais Incolor, Sala do Veado em Lisboa (2013), Luz, Espaço e Acções, Sala Bebé / Espaço Avenida, em Lisboa (2012), (Re)acção, Lagar do Azeite, em Oeiras (2009); as exposições colectivas, Superfície/Obstáculo, com Nuno Rodrigues de Sousa, Residência COOP, em Lisboa (2013), Entre Muros – Junho das Artes, em Óbidos (2010) e foi artista residente no Carpe Diem Arte e Pesquisa (2013/14); prémios, (2009) Menção Honrosa - Jovens Criadores Aveiro 09 – categoria escultura, (2006) primeiro lugar (ex-aequo) com o Prémio Fundação Marquês de Pombal – Artes plásticas/ Arte Contemporânea – Jovens Artistas, em 2006.

(…) De aspecto pesado e sobretudo com superfícies irregulares, estas esculturas são, no entanto, isso mesmo: esculturas. Criadas ao marinar limalhas de ferro numa mistura de sal kosher e vinagre dentro de formas, Pires criou estes objectos a partir do zero. Levou bastante tempo até estes “se formarem”, mas são de qualquer modo objectos de estúdio, não o produto de uma experiência de land art. Pires cria meticulosamente estas peças no seu estúdio, fabricando a corrosão que produz as superfícies abrasivas. Trabalha alguns pontos mais brilhantes numa intersecção entre ciência e design (aparentemente demora mais tempo para obter esse resultado), e molda-as como quer. (...) 

Aqui o processo revela um jovem artista que explora o material de forma plena. Estas formas temporais traduzem a compulsão do seu criador em objectos que testemunham o poder do artista sobre a matéria. O resultado é lúdico e projectual, sem garantias no início do processo, mas coleccionando cada vez mais conhecimento sobre o material à medida que o trabalho avança, como um artesão que aprende o seu ofício. (...)

Resultando de um trabalho intenso, executado por uma mão hábil, está impregnada de algo que pode estar a florescer. Como um escultor que faz de alquimista, as diferentes formas ainda ecoam um tempo passado, uma estética de ruína e abandono, mas têm o potencial para transcender a técnica e talvez tornarem-se elas mesmas, através da sofisticação extrema e do controlo, ou através do impulso primitivo criativo, ou de alguma outra coisa que poderá ser aquele diamante mencionado no título da exposição.

Texto por Cristina Sanchez-Kozyreva na Revista Contemporânea.

Créditos

recursos: ferro
formato: casa aberta
fotografia: Bruno Lança