Berru
open call / Sem título
Os Berru são um colectivo de artistas que têm vindo a desenvolver um conjunto de trabalhos baseados não tanto numa ideia de disciplina artística, mas sim numa ideia de exploração de mecanismos, conceitos a materiais muito diferenciados. Trabalham indistintamente com imagens em movimento, escultura, som, new media, sendo que há sempre um elemento performático e muito dinâmico em todas as obras que desenvolvem.
O elemento dinâmico acontece quer no momento da concepção das suas obras, quer na experiência que o público faz delas. Não se trata de uma forma de participação ou de activação das obras, mas os dispositivos criados por estes artistas exigem do seu publico formas de actividade, envolvimento e participação. A vita contemplativa dá aqui lugar a uma espécie de vita activa em que o publico é convocado a acompanhar o processo dinâmico de desenvolvimento das suas obras. As quais não estão imediatamente terminadas, mas são um processo que todos somos chamados a acompanhar e, de algum modo, a finalizar.
Para além da dynamis própria que estes artistas provocam, eles tendem a fazer um uso muito particular da tecnologia. Não se trata de expressar um fascínio pelas ferramentas mais contemporâneas de construção de imagens e objectos, mas de encontrar outras constelações energéticas e de ampliar o espaço de inscrição dos gestos artísticos. Se à maneira de Heidegger, entendermos a tecnologia enquanto conjunto de energias e de possibilidades de acção, então estes artistas propõem-se explorar com o seu trabalho essas outras possibilidades muitas vezes distantes dos discursos artísticos correntes.
Mas este entendimento do lugar que o elemento tecnológico pode ter na construção dos objectos artísticos, é acompanhado por uma espécie de revelação do modo como usamos as coisas, ou seja, os Berru mostram-nos modalidades de usar diferentes ferramentas sejam elas aparelhos de som (emissão ou captura), computadores, fenómenos físicos como a energia de imans, entre muitos outos exemplos possíveis. Não se trata de desenvolver uma metafísica da tecnologia, mas realizar o movimento de descoberta dos ingredientes sensíveis inscritos nos objectos e nos processos tecnológicos.
Texto completo aqui, por Nuno Crespo
colaboração com Francisco Antão
formato: open call
recursos: ferro, material audiovisual e electrónico
fotografia & video: Bruno Lança
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